quarta-feira, 9 de dezembro de 2009


Ps: Dê o play antes de ler.



Navilouca - Pedro Luís e a Parede


Meus olhos vesgos de proximidade encararam a bala. Com um toque, carne e ossos seriam perfurados; a massa cinzenta abriria caminho para o tórrido metal que, alojado em um canto qualquer de meu crânio, me queimaria por dentro. Aquela sensação já não me assustava mais. Não é preciso ter uma bala disposta a atravessar uma cabeça para se notar o quão frágil é a vida. Segue frágil. Sem saber sequer aonde quer chegar. E jamais chega. Termina antes do fim. Mas segue sempre, sem pausas, rumo próprio. Vítima do acaso; amante do azar. Antes assim. Vida é livre; vida é alma. E o corpo, sua prisão. Doce lar do drama humano. A liberdade mais uma vez estava em minhas mãos, ao toque de um dedo. Corpo e alma mancomunados em uma conspiração emancipacionista. E os dedos que hesitavam em agir. Há dias a mesma cena patética. A bala no escuro túnel zombava de mim e eu a mantinha ali. E a alma, escrava conformada, ardia uma dor qualquer..



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