O vento voava baixo. Leve. Cor de areia. Do fino pó que colhia do chão e levava para se mostrar. Para que o víssemos brincar de curvas no espaço. O vento voava baixo. Entrecortava seu corpo nú, repousado sobre o chão macio. Pés, coxas e peito. Grãos que brincavam nas curvas. Eu que brincava nas curvas. O mar nos presenteava em ondas, saudações. O mar, o deserto e nós. O mar deserto. Nós e as dunas. E o vento cor de areia que se moldava em seu corpo. Submisso à beleza, tentava, fluido, tocar o intocável. Nem o tato de mil mãos sentiriam aquelas curvas naquele momento. Virilha, barriga, boca e os olhos apertados de sol. Ela me olhou e sorriu. O vento que brincava nela. Ela era Dunas.
Navalha - João Bosco
2 comentários:
Idealização mto bonita..
ou isso foi realidade??? =)
Lindo texto, Rômulo Medeiros! Romântico, intenso,poético e sincero igual a você!
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